Frota dobra em 20 anos e se torna preocupação para Rio+20

19/04/2012 21:55

Número de veículos durante conferência aumentará com comboios militares e de autoridades

Antônio Werneck

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Emaranhado de ônibus no Centro: trânsito tem piorado nos últimos anos
Foto: Custódio Coimbra / O Globo

Emaranhado de ônibus no Centro: trânsito tem piorado nos últimos anos Custódio Coimbra / O Globo

RIO - Tormento para o carioca, dor de cabeça para a segurança: o trânsito na cidade do Rio, em especial nos bairros das zona Sul e Oeste, entrou para o rol das preocupações dos militares que vão cuidar da Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que acontecerá em junho, com previsão de trazer ao Rio mais de cem chefes de Estado ou de governo, marcando os 20 anos da Rio 92. Ao volume que circula pelas ruas no Rio (atualmente uma frota em torno de 2,5 milhões na cidade, mais que o dobro do 1,1 milhão de 1992), acrescente-se um grupo expressivo de militares em comboios de autoridades, batedores do Exército e toda segurança possível em torno de hotéis, trajetos e locais de eventos.

Se tudo isso não bastasse, os diplomatas do Ministério das Relações Exteriores e os membros da ONU — responsáveis pela agenda dos encontros — ainda não repassaram aos encarregados da segurança os horários das reuniões de cúpula no Riocentro. Um ponto que pode complicar muito o já caótico trânsito, acrescentando adrenalina aos comandantes das operações terrestres, marítimas e aéreas que querem fugir dos horários de rush.

— Tenho defendido nas reuniões com os diplomatas que a segurança seja ouvida — afirmou, em entrevista ao GLOBO, o general Adriano Pereira Junior, comandante Militar do Leste e coordenador da segurança.

Em 1992, corredores exclusivos foram instalados para o deslocamento de autoridades entre os eventos e os hotéis. Na Rio+20, não há previsão de implantá-los. Ao fluxo de hoje na cidade , haverá acréscimo de veículos militares e das próprias autoridades. O trânsito pode não suportar, e o deslocamento das autoridades, virar um problema.

Segundo explicou o general Adriano, até agora o ministério das Relações Exteriores apresentou uma relação de 41 hotéis que devem hospedar as delegações de mais de cem chefes de estado ou de governo. Ficam nos bairros de Copacabana, Leme, Ipanema, Leblon, São Conrado, Flamengo e Botafogo, além da Barra da Tijuca. Um número que pode aumentar, já que existe a previsão de a hospedagem se estender para os municípios de Niterói e da Região Serrana do estado.

— Do ponto de vista da segurança, a Rio+20 será um grande desafio. Queremos garantir ao morador do Rio o máximo de normalidade possível. Não há razão para impor restrições em toda cidade , e nosso planejamento está levando em conta um ponto: que ele não interfira na vida normal do carioca. Mas com tantos chefes de estado e comboios circulando ao mesmo tempo, um ou outro inconveniente no trânsito vai haver. Na Zona Sul, haverá interferência. Queremos que ela seja mínima, mas ,na Zona Sul, vai ser difícil — disse o general.

O Riocentro sediará uma reunião de cúpula, mas haverá eventos na Arena HSBC, na Barra; na Quinta da Boa Vista; no Píer Mauá e no Aterro do Flamengo. A organização estima que cerca de 50 mil pessoas serão credenciadas. Os gastos com o aparato, segundo o Ministério da Defesa e o Comando Militar do Leste, deverão ultrapassar R$100 milhões.

Haverá bloqueios perto dos locais de eventos, com proibição do uso do espaço aéreo; vigilância nos aeroportos do Rio e de São Paulo; pente-fino nas estradas federais e estaduais e monitoramento de embarcações próximo à costa. Instalações estratégicas, como as usinas nucleares de Angra dos Reis, a Reduc e complexos de abastecimento de água, luz e gás, serão vigiadas. Além disso, toda costa do Rio, em especial a Baía de Guanabara e toda orla do Leme à Barra da Tijuca , será vigiada por tropas da Marinha.

O controle de toda a segurança da Rio+20 será feito de um salão no Comando Militar do Leste (CML), no Centro. A partir de 4 de junho, funcionará ali o Centro de Coordenação de Operações de Segurança, com a presença de representantes das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e de todos os setores de segurança do estado e do município.

‘O Rio mudou muito nos últimos 2 anos’

Apenas o Exército deve mobilizar dez mil homens e mulheres. Outros dois mil virão da Marinha e cerca de 800, da Força Aérea, além de agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das polícias Civil e Militar do Rio. Contando com guardas municipais e soldados do Corpo de Bombeiros, o efetivo total poderá chegar, em alguns dias, a 20 mil pessoas. Um aumento de 33% em comparação ao aparato militar usado há 20 anos, durante a Rio 92.

— Não há previsão, nesse momento, de ocuparmos favelas. Principalmente na Zona Sul, onde não há mais presença de armamento pesado. Parece incrível, mas o Rio mudou nesses últimos dois anos com a pacificação das favelas. Não há mais o mesmo nível de ameaça de 1992 — disse o general.

A conferência oficial da ONU acontecerá de 20 a 22 de junho, no Riocentro. Os três temas centrais da cúpula são economia verde — um exemplo são formulações de mecanismos econômicos para reduzir a emissão de gás carbônico, um dos causadores do efeito estufa —, erradicação da pobreza e crise da governança global.


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